O Espasmo do Choro

O Espasmo do Choro

Espasmo do choro

Os Espasmos do Choro

O espasmo do choro é uma situação muito frequente entre os 6 meses e os 4 anos (sobretudo até aos 18 meses), que pode surgir sob 2 formas clínicas: a forma pálida e a forma cianótica. Em qualquer das formas existe sempre um factor desencadeante. Ocorre quando a criança é contrariada ou perante uma frustração, começa a chorar, sustém a respiração e pode ter perda de conhecimento. Esta perda de conhecimento pode ser breve, retomando o choro ou ser mais prolongada surgindo mesmo alguns movimentos anormais ou incontinência de esfí­ncteres.

A forma pálida tem por vezes um diagnóstico mais difícil porque o factor desencadeante é mais subtil. Acontece com algumas crianças quando na sequência de um susto ou um leve traumatismo, começam a chorar, sustêm a respiração e ficam brancas. Qualquer que seja a forma, o espasmo do choro é uma situação benigna, ou seja a criança não vai ter complicações, estes episódios vão passar (na maioria das vezes os espasmos do choro desaparecem espontaneamente até ao início da idade escolar) e não existe qualquer tratamento eficaz ou preventivo. A única forma de os evitar é manter a tranquilidade (o que por si só já reduz a frequência das crises), evitar os estímulos desencadeantes ou desviando a atenção.

Diagnóstico do espasmo do choro

Habitualmente, o diagnóstico de espasmo do choro faz-se apenas com base na entrevista clínica e exame médico da criança. Quando a história não é típica ou as queixas são muito exuberantes, o médico assistente pode sentir necessidade de esclarecer melhor a situação com exames complementares de diagnóstico.

Ansiedade para os pais

Os espasmos do choro são fonte de grande ansiedade para os pais e podem ser responsáveis por comportamentos desajustados em pais e cuidadores, que acabam por condicionar perturbações de comportamento nas crianças. Os pais ficam assim divididos entre a necessidade de impor regras à criança e o receio de novo episódio. Ainda que os espasmos do choro sejam involuntários, é importante que os pais percebam que são uma forma de manipulação da criança, já que os pais tendem a satisfazer os seus desejos ou a evitar a frustração que os faz sofrer.

O que fazer?

É essencial que os pais aceitem esta situação como benigna, auto-limitada e sem consequências graves, de forma a não favorecerem o aparecimento de perturbações do comportamento no futuro. É também muito importante que os pais ajam em conformidade, ou seja, que tanto o pai como a mãe ou outros cuidadores apliquem as mesmas regras. Evitar a imposição de regras só vai acabar por reforçar este comportamento. Os pais devem ainda tentar actuar antes que a criança esteja em stress. Quando a criança evidenciar sinais precoces de oposição deve ser colocada em local sossegado (como o quarto), até que se acalme por si mesma, evitando pegar-lhe ao colo ou brincar com ela. Além disso, os pais, sendo modelos de actuação, devem também aprender a gerir os seus próprios sentimentos de raiva, de modo a evitar perdas de controlo. Quando, além dos espasmos do choro, forem notados outros sinais de sofrimento psíquico na criança (agressividade, isolamento, irritabilidade…), o médico assistente deve ser consultado.

 

Laura Martins

Pediatra

Clínica Crescendo

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