Como cresce o seu bebé

Como cresce o seu bebé

como cresce o seu bebé

Como cresce o seu bebé?

Assim que há a descoberta da gravidez, com o primeiro teste positivo, começa um novo mundo. Em particular, no acompanhamento médico, na área da obstetrícia, começam novas definições, palavras desconhecidas, tempos de gravidez nomeados por semanas, tornando ainda tudo mais confuso para as mães de primeira viagem.

Idade Gestacional

Tudo começa logo com a idade gestacional… se pela lógica se deveria definir a partir da data da última menstruação, uma vez que muitas mulheres têm ciclos com alguma irregularidade ou pelo menos com uma fase folicular (a fase que leva à ovulação) com duração variável, opta-se, na maioria dos casos, por corrigir a idade gestacional tendo em conta o comprimento crânio-caudal do embrião/feto se for realizada uma ecografia no 1º trimestre, já que este comprimento se correlaciona melhor com a idade gestacional.

Segue-se a teimosia de falar em semanas de gestação em vez de meses, que seria mais fácil de compreender. Na verdade, são em média 40 as semanas de uma gestação, e a contagem do tempo por semanas permite definir de forma mais precisa o desenvolvimento do feto nos diferentes momentos da gestação. Assim, podemos falar em “timings” do primeiro trimestre fundamentais para realização do rastreio combinado do 1º trimestre, que pode ser realizado entre as 11 e as 13 semanas e 6 dias; falamos nas 20-22 semanas como a altura clássica para a avaliação ecográfica morfológica de um feto que já se encontra praticamente formado (à excepção do desenvolvimento do sistema nervoso central, que se mantém em formação mesmo após o nascimento) ou por exemplo nas 32-34/35-36 semanas para avaliar o crescimento fetal no 3º trimestre.

A gravidez compreende tantas transformações maternas e fetais, que interessa definir de forma mais precisa cada momento!

Percentil

Outra palavra estranha, que frequentemente se emprega é o percentil! Tudo no feto pode ser definido por percentis. Na realidade, também no recém-nascido/criança/adolescente, este termo poderá ser aplicado. O percentil não é mais do que uma referência comparativa em relação à população segundo uma distribuição normal. Frequentemente, falamos em percentis quando falamos da estimativa de peso fetal, um parâmetro importante para definir o crescimento fetal. A maioria dos fetos terá um crescimento perto do percentil 50, porém interessa-nos sobretudo identificar aqueles que se afastam da curva da normalidade, caminhando para os seus extremos, permitindo assim diagnosticar aqueles fetos que sofrem um processo de restrição de crescimento ou um processo de crescimento excessivo, definido por macrossomia.

O crescimento fetal

O crescimento fetal em parte depende do potencial herdado pelos progenitores, esperando-se de progenitores grandes, fetos maiores e de progenitores pequenos, fetos mais pequenos. Porém, o crescimento fetal depende também de uma série de condicionantes relacionados quer com a saúde materna, quer com a saúde fetal, quer com a saúde da placenta ( o órgão que permite estabelecer a ligação entre as duas circulações – materna e fetal).

O crescimento fetal resulta do adequado transporte de oxigénio e nutrientes da mãe para o feto, através da placenta. Para um crescimento fetal pleno (de acordo com o seu potencial herdado), é necessário um feto sem patologia orgânica, síndromes genéticos ou anomalias cromossómicas que interfiram com o crescimento. Também a gestação gemelar, potencia uma maior probabilidade de um subcrescimento/restrição, pela partilha da placenta, anomalias da vascularização relacionadas com a placenta e limitação do próprio espaço, sendo assim mais frequente fetos mais pequenos neste tipo de gestação.

Por outro lado, toda a patologia materna que interfira com a adequada circulação do sangue para o útero e consequentemente para a placenta, poderá condicionar um inadequado aporte dos nutrientes e oxigénio necessário ao crescimento fetal, tal como situações de patologia hipertensiva grave, síndrome do anticorpo antifosfolípido, doença renal crónica…No extremo oposto, a obesidade, o síndrome metabólico e a Diabetes Mellitus/Gestacional, condicionam um quadro de hiperglicémia e hiperinsulinémia, que condicionam um crescimento fetal excessivo e potencialmente nocivo para o feto, daí as recomendações na gravidez para uma adequada dieta e exercício moderado, perda de peso prévio à gravidez nas situações de excesso de peso/obesidade e adequado controlo glicémico, nas situações de Diabetes.

Crescimento saudável

Por último, o principal órgão responsável pelas trocas materno-fetais, a placenta, tem um papel preponderante no crescimento fetal. Processos de mau desenvolvimento e invasão da circulação materna, infecção, descolamentos, trombose, má localização placentar… estão relacionados com trocas inadequadas, condicionando um estado de hipóxia fetal (diminuição do oxigénio circulante), que pode também condicionar alterações do crescimento fetal. Em particular, o tabagismo tem aqui um papel de relevo, ao agravar ainda mais esta hipóxia, quer por aumentar os níveis de circulação de dióxido de carbono (e consequentemente diminuir os de oxigénio), quer por provocar um vasoespasmo (contração dos vasos) na circulação uterina, diminuindo a perfusão fetal.

Assim, idealmente, para o crescimento saudável do seu bebé, hábitos de vida saudáveis, dieta, exercício moderado e abstinência tabágica são essenciais. Na presença de patologia materna, o controlo das doenças com adequada medicação permite também melhorar o desfecho do seu bebé.

 

Filipa Caeiro

Ginecologista/Obstetra

Clínica Crescendo

Contacte-nos em https://clinicacrescendo.com