Chupetas: Aliadas ou Inimigas?

Chupetas: Aliadas ou Inimigas?

Chupetas

Os bebés têm um reflexo de sucção natural e inato. Este ato de sucção serve não apenas para alimentação mas também é um mecanismo associado à necessidade de satisfação afetiva, ajudando o bebé a regular-se e acalmar-se.  É também através dos movimentos de sucção que o bebé desenvolve os músculos da face permitindo o crescimento das estruturas oro-faciais.

A chupeta usada com moderação poderá contribuir para o conforto e bem-estar do bebé. No entanto, quando usada de forma prolongada poderá ter efeitos potencialmente prejudiciais

O objetivo deste texto é debater as vantagens e desvantagens do uso da chupeta, para que os pais possam aproveitar as vantagens e minimizar os riscos.

Vantagens

– Ajuda o bebé a regular-se e acalmar-se – o reflexo de sucção é inato e ajuda a acalmá-lo e confortá-lo, tendo um papel importante no sono. 

– Contribuem para a prevenção da síndrome de morte súbita do lactente SMSL) – a chupeta estimula o desenvolvimento das vias neuronais que controlam a potência do aparelho respiratório superior, estando associado, juntamente com a outras medidas, à redução importante do risco de SMSL.

– Pode ser uma medida não farmacológica para acalmar a dor em determinados procedimentos (ex. Vacinação) em bebés que não são amamentados (nesse caso pode amamentar o bebé durante o procedimento).

Desvantagens

– Pode interferir com a amamentação – a sucção na chupeta é diferente da sucção no mamilo, portanto o uso da chupeta pode dificultar a aprendizagem da técnica de amamentação nos primeiros dias de vida. Por esta razão o uso de chupeta é desaconselhado nas primeiras 3-4 semanas de vida, de forma a permitir ao bebé estabelecer a amamentação com sucesso.

– Uso excessivo e prolongado pode provocar várias alterações de oclusão dentária, tal como mordida aberta ou deslocamento anterior dos dentes incisivos, falta de força (tónus) nos músculos orais, projeção da língua para a frente, palato alto e estreito e respiração oral. Isto pode levar mais tarde à necessidade de tratamentos corretivos das deformidades e também ao aparecimento de problemas respiratórios, pelo tipo de respiração oral que estas crianças desenvolvem.

– Risco aumentado de otite média – a sucção constante pode alterar a função da trompa de Eustáquio, que geralmente protege o ouvido da entrada de bactérias provenientes da cavidade oral.

– Aumento do risco de candidíase oral – a candidíase é provocada por um fungo (candida albicans) que é contraído através do contacto com objetos contaminados como as chupetas.

– Problemas de desenvolvimento linguístico – caso haja alterações na cavidade oral, o que pode afetar a fala e a produção de alguns sons.

Cuidados a ter

– Não introduzir antes da amamentação estar bem estabelecida (3-4 semanas de vida).

– Lavar a chupeta diariamente.

– Preferir chupetas ortodônticas.

– Trocar de chupeta a cada 2 meses ou antes disso se danificada.

– Usar sempre uma chupeta adequada à idade e/ou peso da criança.

Dicas para retirar

– Idade ideal para retirar até aos 3 anos, fase em que a criança já tem a primeira dentição completa.

– Apos os 18 meses tentar que a chupeta seja reservada para alturas de stress (por exemplo vacinação, ida ao médico) e antes de dormir.

– Planear a retirada da chupeta de forma gradual, conversar com a criança sobre o assunto e eventualmente negociar essa retirada, utilizando se necessário a fantasia.

– A chupeta não deverá estar sempre acessível e disponível, reduzindo-se assim os contextos da utilização da mesma. Em situações de crise é importante não ceder e substituir a chupeta por outras formas de conforto como carinhos ou algum objeto que dê segurança e conforto à criança (ex. fralda, peluche)

– Poderá ser colocada presa num determinado local. Isto faz com que a criança tenha que interromper a sua atividade ou brincadeira para usar a chupeta, o que muitas vezes demove o seu uso.

O conhecimento das vantagens, desvantagens, cuidados a ter e conhecimento sobre a altura ideal para retirar a chupeta permite aos pais usufruir de um bebé mais calmo, minimizando os receios e os riscos.

Laura Martins

Pediatra

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